Arte Nuremberg

Albrecht Dürer e Nuremberg: perfeita simbiose da Renascença

Ao pensarmos na Renascença, período de grandes transformações culturais dos séculos 15 e 16, sempre acabamos nos concentrando em falar de Florença, de Brunelleschi, de Da Vinci, mas também de Michelangelo, em Roma. O fato é que os ecos das mudanças na Itália chegaram rápido na Europa ao norte dos Alpes. Sem contar que o Renascimento também teve outros polos de propagação de ideias. Dentre eles, duas cidades alemãs: Wittenberg (não falarei dela hoje) e Nuremberg. Nessa última, viveu entre os anos de 1471 e 1528 talvez o maior artista alemão de todos os tempos: Albrecht Dürer. Digamos que Da Vinci está para Florença, assim como Albrecht Dürer está para Nuremberg.

Popstar da Renascença

Monograma de Dürer
O famoso monograma de Dürer, aspecto que faz de sua atitude artística algo completamente extemporâneo. (Fonte: Pinterest)

Dürer é mundialmente conhecido pela sua originalidade, quando o assunto são os motivos por ele pintados ou esboçados: orbitam em sua iconografia nudismo, demônios, auto-retratos, animais e muita ironia. Além disso, a precisão e técnica acuradas e extremamente perfeitas fazem de Albrecht Dürer um gênio mesmo antes de que se pensasse em chamar um artista de gênio. Ou mesmo antes de que um pintor ou escultor se visse como artista e não como um artesão… É ele quem assinará pela primeira vez suas obras com um monograma que faz jus a monogramas contemporâneos, como o de Gianni Versace ou de Louis Vuitton.

Quem não conhece sua mais badalada aquarela, “Lebre”, pintada em 1502, e  “Mãos Orando”, de 1508, ambas em exibição no Museu Albertina, de Viena? Até mesmo Andy Warhol tem em seu túmulo gravadas essas famosas mãos. Constatação de que Dürer era um popstar? Não nos esqueçamos, ainda, do espantoso auto-retrato que se encontra na Antiga Pinacoteca de Munique. Trata-se de uma obra concebida por Dürer aos 28 anos e que nos faz parecer estar diante do próprio artista, dado o realismo nela contido.

Ou como podemos ignorar o seu famoso “Rinoceronte” (1515)? Nesse caso, Dürer fez uso de uma das grandes invenções de sua época para tornar-se famoso por toda a Europa: a imprensa.

Lebre de Dürer
“Lebre” (1502), de Albrecht Dürer. (Fonte: Wikipedia)

Existiria Albrecht Dürer sem que tivesse existido Nuremberg?

Nuremberg
Representação de Nuremberg na Renascença. (Fonte: Medium.com)

O fato é que não há como negar o talento deste gênio da Arte. No entanto, não há como entender Albrecht Dürer sem situá-lo em um contexto histórico-geográfico preciso. E Nuremberg, nesse caso, tem papel preponderante na biografia do popstar alemão do Renascimento. Nuremberg é, nos séculos 15 e 16, uma cidade imperial. Goza, portanto, de liberdade econômica para comercializar de tudo, privilégio, nessa época, para poucas cidades do Sacro Império Romano-Germânico. Sendo um entreposto comercial importante na Europa, abrigava uma grande quantidade de ourives, dentre eles o pai de Albrecht Dürer. Sem contar o “cosmopolitismo” de uma cidade por onde passavam estrangeiros vindo de todos os cantos da Europa (mesmo o pai de Dürer é de origem húngara).

Além disso, a imprensa foi invenção alemã e não levou tempo para chegar em Nuremberg. Como já mencionamos, teve papel fundamental na promoção do nome de Dürer por toda Europa. Enfim, Dürer nasceu em local e época perfeitas para que seu nome fosse perpetuado na História da Arte.

Onde ver Dürer

Para quem quiser contemplar a genialidade de Albrecht Dürer, sugiro, por ordem de importância, os seguintes locais:

Museu Albertina, em Viena: contém mais de 1000 gravuras de Dürer (não estão todas em exibição, no entanto), assim como as famosas obras “Lebre” e “Mãos Orando”.

Antiga Pinacoteca, em Munique: algumas obras da Antiga Pinacoteca são resultado de restauração que levou 21 anos. Em 1988, várias obras de Dürer foram danificadas por um louco que lançou ácido sulfúrico em suas superfícies. No entanto, a que mais tem destaque é, sem dúvida, o auto-retrato anteriormente mencionado.

Casa de Albrecht Dürer, em Nuremberg: se você quiser aprofundar seus conhecimentos sobre a biografia do artista, nada mais interessante que visitar sua casa. Partes da construção do edifício ainda datam do Renascimento e há um cuidado com o didatismo da apresentação que ajuda bastante o leigo a entender um pouco mais das técnicas utilizadas por Dürer. Vale muito a pena.

Casa de Albrecht Dürer, ao pé do Castelo de Nuremberg. (Fonte: Tourism.de)

Que aproveitem suas visitas!

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