Dos bairros de Berlim, Mitte, que significa centro, é o mais visitado por turistas. Engloba áreas bastante heterogêneas, já que nele estão as atrações mais convencionais do turismo da cidade, como o Portão de Brandemburgo, por exemplo, mas também nichos mais alternativos. Este último é o caso da parte de Mitte conhecida como Bairro Judeu. Entre o final do século 17 até os anos do Nazismo, muitos judeus que habitavam a cidade viviam nessa área. Mais precisamente no século 19, quando a Alemanha passa por um galopante desenvolvimento industrial, o processo de urbanização transforma a paisagem e o Bairro Judeu não foge a essa transformação.
Da insalubridade ao charme
O espaço de um quarteirão era preenchido por pequenas fábricas e casernas de aluguel, criando total indistinção do que eram áreas de trabalho e de vivência. Formaram-se, assim, pátios insalubres, onde viviam aglomerados trabalhadores mal remunerados. Do século 19 para os dias hoje, há que se mencionar momentos nada interessantes para o Bairro Judeu: o nacional-socialismo e, em seguida, a ditadura da Alemanha Oriental. Mas com a queda do Muro, Mitte torna-se um dos bairros de Berlim mais badalados, tendo o Bairro Judeu como o espaço de bares, cinemas, ótimos restaurantes, museus, galerias de arte e ótimos locais de compras. Nossa intenção com este artigo é dar dicas do que fazer neste que é um dos nossos bairros de Berlim favoritos.
1) Visite os museus da Ilha dos Museus
Sugerimos que você comece a explorar um dos bairros de Berlim mais agitados na calmaria introspectiva que a apreciação das obras de arte nos traz. Sabendo-se que a Ilha dos Museus é a franja que conecta a parte turística convencional com a alternativa do Bairro Judeu, então não temos dúvida: visite essa maravilha do mundo da Arte. Evidentemente, só a visita à Ilha demanda do turista de um a três dias, já que são 5 os museus ali presentes. A Ilha dos Museus é formada pelos
- Altes Museum (Museu Antigo) de arte greco-romana e etrusca
- Neues Museum (Museu Novo), dedicado à coleção egípcia e onde se encontra Nefertiti, o busto mais famoso da Alemanha
- Alte National Galerie (Antiga Galeria Nacional), local de exibição de pinturas alemãs até o século 19
- Pergamonmuseum, sem dúvida o mais famoso por abrigar em seu interior o Altar de Pérgamo, assim como a Porta da Istar, da Babilônia
- Bodemuseum, melhor dos museus para apreciar belas esculturas
2) Faça compras nos Hackesche Höfe
Os Hackesche Höfe são o conjunto de pátios mais conhecidos de Berlim. Ali você vai encontrar de tudo: ótimos restaurantes, cinema, o cabaré Chamäleon, condomínios residenciais, loja de porcelana, chocolaterias, além de interessantes butiques ou mesmo lojas de grifes convencionais. Para os que não estão interessados em compras, não deixe de apreciar um belo expoente do Jugendstil berlinense (como os alemães chamam o Art Nouveau) na fachada principal dos pátios.
3) Conheça outros pátios do bairro
O Bairro Judeu está cheio de pátios. Sugerimos que você perambule pelas imediações e se surpreenda: entre em qualquer portão que estiver aberto para conferir se não há algo para ver. De qualquer maneira, recomendamos dois outros pátios.
O que está logo ao lado dos Hackesche Höfe, o Haus Schwarzenberg, é dos mais interessantes, pois preserva certa originalidade anterior à reunificação e nos transporta, com suas fachadas ainda destruídas, para o tempo em que ainda existia a Alemanha Oriental. Sem contar que é um oásis para os que gostam de arte urbana. Também há um interessante museu e memorial a Otto Weidt, uma espécie de Oskar Schindler berlinense.
Outro pátio que merece sua visita são os Heckmann Höfe. Por ali há ótimas lojinhas de artesanato, decoração, design e moda, mas também bons restaurantes.
4) Entre em galerias de arte
Galeria de arte é o que não falta no Bairro Judeu. Recomendamos as seguintes: Neugerrimschneider, Sprüth Magers, KW e a Michael Fuchs. Muitas se encontram em pátios, inclusive.
5) Visite a Nova Sinagoga
A Nova Sinagoga, com sua bela cúpula dourada, é um dos mais belos edifícios de Berlim. Atualmente esse espaço não funciona como sinagoga, mas sim como centro cultural judaico. A inauguração da Nova Sinagoga em 1865 foi de grande importância para comunidade judaica berlinense. Sobretudo porque foram tempos em que alguns judeus alemães se engajaram em modernizar o Judaísmo. Nessa sinagoga, diferente das tradicionais, homens e mulheres, por exemplo, podiam-se sentar juntos durante os cultos. Da sinagoga original só resta um terço, mas o novo prédio, restaurado em 1988 ainda ocupa o espaço original com partes modernas. Vale a pena dar uma olhada na exibição “Open ye the Gates”, dedicada a contar a história do prédio e da comunidade judaica em Berlim.
6) Saboreie um dos melhores cheesecakes ou pastrami da cidade
Depois de tanto caminhar, nada mais justo do que recuperar as energias. Minha sugestão é de comer pastrami no Mogg e depois ainda saborear um dos chessecakes mais conhecidos da cidade, no Princess Cheesecake.
7) Assista a um espetáculo de dança ou num cabaré
Como já foi dito, o Bairro Judeu congrega atividades bastante heterogêneas, mas muito do que elencamos acima está ligado, principalmente, a atividades culturais. Como se sabe, a Berlim dos anos 20 era repleta de cabarés e essa tradição não deixou de existir. Nos Hackesche Höfe está um dos mais conhecidos e que talvez possa despertar seu interesse, o Chamäleon. Se você prefere algum espetáculo de dança contemporânea, o melhor do bairro está no Sophiensäle.
Boa diversão!
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